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Era uma vez um país que tinha uma presidente rígida como um poste. Nesta condição, foi eleita sem lâmpada e sem luz, porque tinha um ilustrador de causar inveja a todas as agências de publicidade e marketing. Tudo o que ela pretendia fazer recebia um slogan colorido e narcisístico para vender imagens de um mundo que nunca havia existido antes e que fazia parecer real antes que qualquer providência fosse tomada de fato. Ela gostava de se aliar a pares redundantes e incompreensíveis. Dançava tango com uma louca que jogou o país na bancarrota. Fumava charutos com um velho ditador ilhado. Passava a mão na cabeça do passarinho do vizinho desabastecido até de papel higiênico. Quando as coisas ficavam russas, imprimia tática de socializar os prejuízos da incompetência administrativa. Quando os companheiros pegavam na baioneta, mostrava a língua afiada como as facas amoladas na lida comum. No campo interno, colocava os dedos nos buracos da barca furada por todos os lados. Com a inflação estourando, segurava a pistola da bomba sem ter pena da petroleira. Com crescimento econômico vazando a zero, a ilusão de dias melhores virão em outro verão é o discurso de papagaio amestrado propagado pela mídia comprada. Com os juros afundando empresas e famílias, a culpa é da outra concorrente que tem amiga banqueira. A repetir mil vezes mentiras, faz acreditar que a canoa não vai virar, só se outra pessoa deixar virar, porque é magra de ruim. De tanto mentir com irritação quase verossímil, afasta o cidadão da política, dos debates, das discussões, dos discursos. De tanto mentir, aniquila os partidos, a política, os partidos. De tanto mentir, faz o jogo da propaganda enganosa. Agora o poste sem lâmpada ainda precisa do ilustrador, dos banners, dos cartazes, dos panfletos, dos blogs, das colunas, dos jornais, dos editais, de todos os veículos que, fornidos a bilhões de dólares, transformem a canoa furada em um iate tal qual do Eiki, cuja proeza propalada pelo ilustrador, ao ser desmantelada, virou chama pagada. A tal presidente precisa expelir ar pela boca com força, bufar, para manter a miragem do naufrago ou do moribundo no deserto de realidades afogantes, nem que tenha de continuar a bufar de raiva.