A obra intitulada Para erradicar a pobreza, mais capitalismo, de Juan Ramón Rallo, de 24 de outubro do ano de 2017, serve como alicerce para uma crítica ao marxismo – corrente científica contrária ao capitalismo –, expondo a relação entra a queda da extrema pobreza relacionada ao avanço da economia de mercado.

Rallo, é muito eficaz em demonstrar que a pobreza, apontada erroneamente por autores e militantes marxistas como consequência do capitalismo, não foi produzida por tal sistema econômico. Segundo o autor, a pobreza foi herdada pelo capitalismo, e gradualmente reduzida conforme o desenvolvimento econômico das nações. Isto é, o contexto-histórico da economia capitalista mostra que na verdade o capitalismo herdou a pobreza, e vem enriquecendo gradualmente o planeta.

À luz do Banco Mundial (2015), a pobreza se define como a condição de vida na qual os indivíduos subsistem com menos de US$ 57,00 por mês, o que equivale a US$ 1,90 por dia. De fato, este tipo de pobreza é aquele no qual o indivíduo tem recursos materiais que apenas garantem, na melhor das hipóteses, sua subsistência.

O capitalismo realmente empobreceu o mundo? Na realidade, podemos analisar o gráfico em tela, do projeto Our World in Data, que evidência o nexo de causalidade entre o crescimento abrupto do capitalismo, através da segunda revolução industrial, e a redução da extrema pobreza ao redor do mundo.

Gráfico 1 – População mundial vivendo em extrema pobreza (1820-2015)

Legenda: O vermelho em destaque representa a quantidade de indivíduos no mundo vivendo em extrema pobreza; já o verde expõe a quantidade de indivíduos no mundo que estão fora da extrema pobreza. Fonte: Hasell e Roser (2019).

Como podemos observar no gráfico anterior, o avanço dos apontadores de pobreza extrema ao longo de dois séculos dá indício de esperança para o futuro. No ano de 1820, cerca de 95% da população global estava na pobreza, com uma estimativa de que 85% estava na extrema pobreza. No ano de 2015, menos de 10% do mundo ainda viviam nessas circunstâncias.

Já o Banco Mundial ([n.p.]) afirmou, em um relato recente, que os itens essenciais para que se possa ter uma vida considerada “digna” estão mais acessíveis e em uma quantidade nunca vista em toda a história humana. Os dados mostram que desde de 1980, mais de 1 bilhão de indivíduos não viviam mais na extrema pobreza; se antes eram 2 bilhões vivendo em condições precárias e desumanas, naquele período passou a ser de 700 milhões.

Gráfico 2 – Porcentagem da população mundial na pobreza extrema

Fonte: The World Bank ([n.p.]).

Há 40 anos, 44% das pessoas do mundo todo viviam na pobreza extrema, contanto, atualmente somente 9,5% vivem nesta condição. Supõe-se até que a pobreza extrema finalmente poderá se extinguir daqui a quase 15 anos.

Pode-se dizer que desde a década de 80, existe um aumento constante quanto a quantidade de indivíduos que vivem acima do nível de pobreza extrema e uma abrupta diminuição dos que estão abaixo disso. Portanto, a pobreza extrema está em decadência, ainda que o número de pessoas no mundo esteja acrescendo.

Porém, qual é a razão para esta constante de redução da pobreza extrema? Por qual motivo as últimas três décadas foram o momento na história onde mais pessoas escaparam da extrema pobreza?

Basicamente, a principal causa foi a expansão do modelo capitalista, com todas as inovações tecnológicas impulsionadas pelo sistema econômico.

As nações que melhor se utilizaram do capitalismo entre os anos 1950 e 1998 – isto é, aquelas que tornaram seus regimes comerciais livres ao longo desta época – tiveram um aumento na economia médio anual de 1,5 ponto percentual a mais das que não o utilizaram.

Ou seja, mais liberdade econômica, mais capitalismo, consequentemente maior padrão de vida e mais enriquecimento, e assim melhores condições de vida as pessoas mais pobres terão. Contudo, significa dizer que este maior aumento na economia realmente coopera para um menor índice de pobreza extrema?

Conforme a extrema pobreza está diminuindo celeremente, cada vez mais e em diversos locais do mundo, a desigualdade em termos de renda também está se retraindo: o poder aquisitivo dos necessitados aumenta de forma mais rápida do que os que possuem melhor renda, em razão disso, o índice de Gini (ferramenta criada para medir o grau de concentração de renda em determinado grupo) está decaindo expressivamente pela primeira vez na história desde cerca de 1750 a 1840, período que corresponde à Revolução Industrial.

O capitalismo e o livre comércio caminham em conjunto com a liberdade econômica, posto que sua ampliação coadunou com essa impressionante diminuição na extrema pobreza do mundo. Aquelas nações que mais optaram pela liberdade na economia foram as que mais viveram uma expressiva diminuição no nível de indivíduos na extrema pobreza. Como evidencia o índice Economic Freedom of the World (Liberdade Econômica do Mundo), logo abaixo.

Gráfico 3 – Índice de Liberdade Econômica do Mundo e porcentuais de pobreza moderada e extrema

Legenda: No eixo X, as nações conforme sua liberdade econômica; no eixo Y, a taxa de pobreza. Cada vez mais para a direita, mais é a liberdade da economia. Em cada grupo se tem a taxa de moderada pobreza (moderate) e de extrema pobreza (extreme). Fonte: Cato Institute et al. (2016).

A leitura do gráfico anterior evidência com clareza a relação inversamente proporcional entre liberdade econômica e pobreza. Países economicamente livres tendem a ser mais desenvolvidos, com baixas taxas de pobreza e com melhores condições de vida até mesmo para aqueles com pouco capital.

Aliado a isso, podemos afirmar que a repartição do trabalho, em nível mundial, e a mão-de-obra especializada compõe as particularidades mais inerentes ao capitalismo globalizado. A produção industrial passa a ser concentrada nas nações em desenvolvimento, onde a mão de obra é ligeiramente mais barata que em nações desenvolvidas, permitindo o desenvolvimento econômico e social dos países subdesenvolvidos, produzindo riqueza e promovendo desenvolvimento humano nessas regiões. O capital é voltado para o lucro, onde os ganhos são maiores que os gastos. Em troca, produz produtos com melhores qualidades e com menores preços.

O acesso a produtos de qualidade com menores preços, é justamente o que tira os indivíduos do estado de extrema pobreza. O livre comércio mundial, logo, é um processo em que as pessoas mais pobres ao redor do mundo podem se beneficiar dos produtos de custo mais baixo e de melhor qualidade. E isso é somente um dos diversos tipos de privilégios provocados pelo capitalismo.

Atualmente, um indivíduo deixa de viver na extrema pobreza a cada segundo, isso porque há sistemas econômicos melhores, mais conhecimentos adquiridos e tecnologias mais baratas, as quais já se encontram em quase todos os cantos do mundo e que são acessíveis a todas as pessoas. Com isso, mais indivíduos possuem maior expectativa de vida e vivem com mais conforto e saúde ser for pensar em qualquer outra época da história do ser humano.

Reconhecer o positivo e enorme êxito desta transformação gradual é de suma relevância não somente para compensar o progressivo ceticismo que nos contamina, como também para jamais esquecermos do arranjo que fez com que fosse possível ocorrer este fenômeno. Em razão disso, necessita-se exaltar o capitalismo globalizado: a maior máquina de diminuição da pobreza em toda a historicidade humana.

De fato, o percurso para a definitiva extinção da pobreza, como evidencia a história, nem de longe se encontra nos modelos de políticas comunistas e socialistas; está sim, no capitalismo, no liberalismo, na liberdade econômica de cada cidadão. A verdade é que a própria história se incumbiu de aterrar a teoria da economia de Karl Marx, em que criticava ferrenhamente o capitalismo.

 

REFERÊNCIAS

Cato Institute et al. Economic Freedom of the World in 2014. Fraser Institute, 2016. Disponível em: https://www.cato.org/sites/cato.org/files/pubs/efw/efw2016/efw-2016-chapter-1.pdf. Acesso em: 21 dez. 2022.

HASELL, Joe; ROSER, Max. How do we know the history of extreme poverty? Our World in Data, 2019. Disponível em: https://ourworldindata.org/extreme-history-methods. Acesso em: 19 dez. 2022.

LETRA, Leda. Banco Mundial atualiza valor da linha da pobreza para US$ 1,90 por dia. EBC, 2015. Disponível em: https://memoria.ebc.com.br/cidadania/2015/10/banco-mundial-atualiza-valor-da-linha-da-pobreza-para-us-190-por-dia. Acesso em: 19 dez. 2022.

RALLO, Juan Ramón. Para erradicar a pobreza, mais capitalismo. Mises Brasil, terça-feira, 24 out 2017. Disponível em: https://www.mises.org.br/article/2788/para-erradicar-a-pobreza-mais-capitalismo. Acesso em: 20 dez. 2022.

The World Bank. [n.p.]. Disponível em: https://www.worldbank.org/en/home. Acesso em: 21 dez. 2022. Acesso em: 20 dez. 2022.

 

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