Como católico praticante que sou, percebo estar mais do que claro o grande número de cristãos conscientes do que é, e o que representa a Igreja Católica no mundo e na história da construção da civilização ocidental. No entanto, essa Instituição milenar, nos dias de hoje sangra com os implacáveis bombardeios do marxismo cultural, o qual tem no centro de sua doutrina a construção de uma sociedade relativista, individualista e paradoxalmente coletivista controlada por um estado materialista e, sem Deus.

Se por um lado os cristãos se agarram na coluna da tradição apostólica fundamentada nas virtudes, para se protegerem dos ataques relativistas, os marxistas por sua vez, bombardeiam a Igreja com poderosos argumentos de que essa Instituição é só um lugar de opressão, de retrocesso, de fanatismo religioso e de um anticientificismo explícito.

Para os discípulos de Marx, tudo o que se relaciona à fé, deve ser explicado a luz do materialismo histórico e dialético. No entanto, absolutamente nada existe de fundamento bíblico ou na tradição eclesiástica, que possa justificar esse materialismo radical defendido pelos marxistas no seio da Santa mãe Igreja.

A doutrina católica fundamentada na Bíblia, na Tradição e no Magistério diverge em praticamente tudo com a filosofia marxista. Basta dizer que Marx deixou claro que “A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração e a alma de condições sem alma. É o ópio do povo.” Foi o próprio Marx e não outro que defendeu a tese dizendo que “Meu objetivo na vida é destronar Deus e destruir o capitalismo.” Ele raciocinava que o cristianismo era um meio para os donos do capital, ou a burguesia controlarem o proletariado para que não se revoltassem. Para Marx, a família como instituição primária, seguida pela Igreja e seus ensinamentos representavam obstáculos rígidos para a concretização da revolução proletária que levaria à instauração de mundo comunista.

O marxismo é, portanto, historicamente inimigo mortal da Igreja, pois nela a sociedade hierarquizada encontra-se tradicionalmente representada. Este modelo então, para Marx, impede a ascensão do proletariado e por isso deve ser destruído.

A Igreja Católica por meio da tradição em Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino conserva um fundamento moral e ético solidificado na racionalidade platônica e aristotélica. Logo, o cristão tem plena consciência do que é certo e do que é errado, enquanto que os escritos de Marx podem até revelar alguns sutis paralelos com a moral católica, mas a coluna de sustentação do marxismo encontra-se nos “fins justificam os meios”, na luta de classes entre o opressor e o oprimido que tudo vale, desde que a conclusão seja a vitória da revolução proletária, cujo fim último é o homem individualista vivendo num Estado coletivo, e, sem Deus.

Essa visão marxista centrada no indivíduo, cujo fim último é o Estado controlando o coletivo se infiltrou na academia, nos meios de comunicação, na indústria de entretenimento e cultura, e pasmem, na própria Igreja que ainda hoje, por meio da Teologia da Libertação, até mesmo no altar e na liturgia, o marxismo cultural se faz presente.

A ideia de liberdade preconizada em Marx, se contradiz com a liberdade defendida na Bíblia. Isso porque, aos olhos de Deus o ser humano é plenamente livre, aos olhos de Marx, o homem é aprisionado ao Estado. Portanto, não há nada mais contraditório do que uma pessoa afirmar ser ao mesmo tempo, cristão e marxista.

A rigor da liberdade na Bíblia, o indivíduo é único e soberano feito à imagem de Deus, livre e responsável ​​perante Ele. A liberdade do ser humano, como pessoa divina, implica em responsabilidade com o outro e consigo, porque Deus, mesmo sendo um Deus de liberdade e de justiça é também Amor, o qual não faz acepção de pessoas. Sua justiça não favorece determinados segmentos, ou pessoa, porque Ele ama a todos por igual e respeita a liberdade de cada indivíduo.

No mundo de Marx a liberdade não existe e o amor não existe, porque Deus não existe! Tudo se resume no indivíduo que vive para o coletivo em subserviência ao Estado.

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