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Os índices de acidentes de trabalhadores na construção civil no Brasil são extremamente elevados. Em 2011, conforme o último levantamento do órgão federal, foram registrados 177 óbitos nos canteiros de obras espalhados pelo país. O número é 28,26% maior do que o registrado no ano anterior, quando 138 profissionais morreram. Em 2010, o número de mortos era de 124, mais de 40% menor do que o apontado dois anos depois.

Em 2013, esse número tinha praticamente dobrado. No entanto, quando se olha para os ESTÁDIOS DA COPA com todo o alardeado “padrão FIFA”, é inaceitável a morte de OITO operários, que, num esquema de subempreitada, sujeitam-se a jornadas de quinto mundo, ou seja, sem equipamentos de proteção, sem treinamento e em desvio de função, ou seja, no caso mais recente, medidas como o desligamento da energia do local, o uso de equipamento de proteção individual, a análise prévia de risco e a emissão de ordem de serviço deveriam ter sido respeitadas pela empresa responsável pelo serviço.

Até agora foram gastos R$39.000.000.000,00 (trinta e nove bilhões de reais) nos 12 estádios, que ficarão incompletos na data do início do campeonato mundial.  Lembrem-se de que, em 2007, quando o país foi escolhido para sediar o torneio, a previsão era de um custo de 2,5 bilhões de reais, bancado na maior parte por meio de financiamento privado. De privado nas arenas, só as privadas de Pernambuco, o descontrole dos gastos, esquemas e puxadinhos. O Brasil, assim, já perdeu de goleada a disputa para evitar gastos públicos na construção dessas obras e a perda de vidas de seus mais caros homens.

 

Quem se importará com as vidas ceifadas pela negligência? Quem será responsabilizado? O Ministro dos Esportes que fala que será “A Copa das Copas”? Ou o servente de pedreiro nomeado no cargo de Mestre de obras terceirizado? Pelé e Ronaldo falam de jogos nos estádios e doentes em hospital. O duro é que os mortos estão saindo dos estádios sem passar pelos hospitais. Morrem lá mesmo! Que país é esse em que se distancia o valor da vida humana em favor do espetáculo patrocinado, endinheirado, financiado, inflacionado, violentado, mortificado. Esqueçam as viúvas, os filhos de pais mortos, as vítimas, pois estamos no país do futebol, que bonito é ser campeão do mundo! Construir um estádio com bilhões para realizar apenas 04 jogos! O objetivo é buscar a bolha ilusória da reputação a todo custo, diz a Bufona de plantão em seu palanque eleitoral. O que ficará? O hexa? Os álbuns de figurinhas? O descontrole da inflação? A dívida pública? As críticas? Talvez fiquem tudo isso ou isso sem o hexa. Quem lembrará os mortos? Outros três obreiros também sofreram acidentes graves, que, afortunadamente, não os levaram a óbito, mas deixaram sequelas para o resto da vida. A seleção brasileira entrará em campo com onze jogadores a lutar pela pátria de chuteiras ao lado de onze fantasmas que se submeteram a encher a taça com o próprio sangue na copa do mundo e da morte dos homens.