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Padre Denis, em abril fez dois anos de sua atuação sacerdotal na paróquia Santuário. O que o senhor tem a nos dizer desta caminhada até aqui?

Sim é verdade, em abril fez dois anos que assumi a paróquia Santuário Virgem dos Pobres e no dia 27 de junho faço 3 anos de sacerdócio. Depois de dois anos o bom é que já dá para saber quem gosta da gente, quem ama meu sacerdócio e quem não, e graças a Deus quem não gosta parece ser uma minoria (risos), mas até estes me ajudam na missão, pois me fazem crescer nas virtudes.

Sabe, quando olho para estes dois anos, percebo o amor que em mim cresce cada vez mais por este lugar, pela história deste povo e pela missão do meu sacerdócio aqui. A cada vez que vejo uma pessoa saindo da santa missa com os olhos e o sorriso transbordando a graça de Deus, me revelando de alguma maneira (coisas do Espírito Santo), que naquele dia ela teve um encontro com Deus, que algo aconteceu na alma dela, que valeu a pena sair de casa, que saiu melhor, que foi saciada, isso me dá mais ‘sede de almas’ – usando um termo de Dom Bosco-, e vontade de continuar.

                                                                                               

Desde que o senhor assumiu esta paróquia, muitas coisas aconteceram. É surpreendente a transformação do Santuário. Qual a sua visão sobre o trabalho que já foi desenvolvido?

Muitas conquistas alcançamos! Hoje realmente vemos uma mística diferente neste lugar e nas pessoas. Se olharmos desde o começo pra cá, foram muitas novidades, nem consigo recordar de tantas coisas que já fizemos, cada uma marca alguém de uma maneira diferente. Mas desde a loucura de lutar para conseguir construir a nova fonte (sem um centavo, somente com muitas lágrimas, mãos estendias e confiando na providência divina), a cada avanço pastoral, vimos coisas surpreendentes.

Fundamos o ministério de intercessão que sustenta espiritualmente a paróquia, trouxemos formação para os Ministros da Sagrada Comunhão, fundamos o ministério da Palavra, realizamos o seminário de vida no Espírito Santo, que foi a base para iniciarmos com o grupo de oração Shekiná. Outros frutos que trouxeram melhoria na vida de oração de nossa paróquia é adoração ao Santíssimo, com o terço dos homens, com o ofício de Nossa Senhora. Além disso, vivemos lindos novenários em nossas comunidades, retomamos a tradição das procissões, inauguramos a Revista o Santuário que é algo que enche os olhos, lançamos no novenário da Virgem neste ano: o Devocionário a Nossa Senhora Virgem dos Pobres.

 

Nossa, realmente muitas coisas foram realizadas neste curto período. Mas, e em relação as formações, teve mais avanços também?

Sim, com certeza! A catequese da paróquia foi algo que a cada ano cresceu em formação e dedicação. É lindo de ver todo o trabalho feito com nossas crianças. Este ano mesmo, em maio, no dia da primeira comunhão, ver aqueles 50 catequizandosrecebendo Jesus com tanta alegria e eu sabendo que foram tão bem preparados, fiquei muito feliz!

Também posso citar o lindo trabalho realizado com os coroinhas e acólitos que recentemente tiveram sua primeira investidura ritual. Como aquele gesto marcou a vida destas crianças e adolescentes e como cresceram em número!

Também pudemos levar alguns adolescentes, jovens e adultos de nossa paróquia para participar do retiro conhecido como “Acampamento”, o qual graças a Deus tem realizado grandes efeitos de graça em nosso meio.

Não posso esquecer-me de falar ainda de algo que foi uma grande realização em nossa paróquia, algo que me deixa radiante de felicidade: o trabalho voltado às famílias, por meio do Grupo Caná.

 

Fale-nos então sobre este trabalho padre. O que é o Caná?

O Caná é um retiro para casais, uma grande conquista que realizarmos pela primeira vez em nossa paróquia, em setembro do ano passado; já realizamos dois e o próximo será em agosto. Quantos casais eu vi encontrarem no Santuário, um verdadeiro Caná da Galiléia, onde Jesus pela intercessão de sua Mãe transforma água em vinho. Alguns casais que reencontraram o sentido do amor e da família, e outros que realmente testemunham como ali Deus salvou seus casamentos, e hoje nossa casa está cheia de famílias. Mulheres e homens que enchem meu coração pelo amor que passaram a ter a Deus e a esta casa.

            

Todos esses feitos realmente mudaram a dinâmica do Santuário, mas um dos mais impactantes sem sombra de dúvidas foi o retorno das peregrinações por meio dos Kairós realizados na paróquia. O que o senhor tem a nos dizer sobre isso?

Logo que cheguei aqui no Santuário, senti em meu coração e também dos próprios paroquianos que algumas ações eram urgentes. A primeira era a fonte de Nossa Senhora, como já disse acima, e a outra era o retorno das peregrinações. Afinal, quando Nossa Senhora desejou este Santuário foi justamente para trazer alívio aos sofrimentos, para acolher aqueles que necessitam. Foi então que iniciei os encontros chamados Kairós, um evento que abrange não apenas a nossa paróquia e paróquias vizinhas, como romarias vindas de lugares distantes.

A cada evento, quantas pessoas encontram a Deus pela intercessão da Virgem e vivem o sobrenatural. É algo que dá trabalho, não só para mim, mas para toda a comunidade, ou ao menos aqueles que compreenderam o seu valor. Quantos milagres já vimos acontecer, curas, cânceres que foram embora, depressões, mostrando o valor da Fonte de Nossa Senhora presente em nosso Santuário e o poder de Deus atuante em nosso meio.

Desde que iniciamos o Kairós já vimos passar cerca de dois mil peregrinos nesta casa de Maria.

 

E suas conquistas pessoais padre? Afinal, sabemos que o senhor tem muitos dons sendo a arte um deles…

A nível pessoal também foi um tempo de muitos desafios que me obrigaram a avançar. Participei como convidado em uma exposição no Museu de Arte Sacra de SP, com um ícone “pintado” por mim. Em meio a tudo isso estou cursando o mestrado. Recentemente fiz uma viagem de peregrinação como guia espiritual, para a Terra Santa, experiência que marcou a minha vida trazendo ensinamentos valiosos para meu sacerdócio (…) mas falar de mim mesmo é difícil, deixemos isso para outro momento (risos).

 

O que o senhor destaca como coisas a avançar?

Bem, mesmo diante de tantas conquistas é claro que ainda temos muito a avançar. O intuito de dar início às obras e reformas é um dos grandes desejos de meu coração, mas ainda estamos procurando levantar recursos, o que é sempre um desafio para nós. Nosso bairro é formado por pessoas lindas, mas que em maioria ralam muito e têm pouco retorno financeiro, isso desacelera um pouco os processos. Mas tenho esperança.

O fato de não termos ainda iniciado a obra da Comunidade Cabrini que desde dezembro está interditada é uma das coisas que mais me dói. No final do ano chorei muito, fiz o que podia, sai literalmente mendigando em algumas portas… mas a obra é muito cara e precisa de paciência, é triste que algumas pessoas não entendam isso (olhos cheios d’água). Aos poucos estamos levantando valores, não só para lá, mas também para a reforma da Santa Clara e do próprio Santuário. O povo de Deus é bom e vamos chegar lá com o auxílio do alto. Já estamos quase ganhando o terreno para a construção da São José e isso será outra grande vitória.

Pastoralmente, tenho o desejo grande, que me acompanha desde o início dos trabalhos, e que só no próximo semestre conseguiremos realizar, que é o retiro e o início de um trabalho para a juventude do bairro, mas agora sai, “tudo no tempo de Deus”. Dia 17 teremos nosso primeiro Cerco de Jericó e creio que será um novo marco em nossa história.

 

Como o senhor faz para manter a serenidade diante de tamanha pressão?

Uma coisa que fiz na passagem de ano de 2017 para 2018, depois de um período de preocupações, insônias, eu recoloquei tudo na mão de Deus, e aprendi que as coisas não são no meu tempo, mas no tempo d’Ele, precisa ter paciência. Acho que esse foi o momento em que meu coração voltou a paz, depois de todo o problema nas estruturas físicas de nossas igrejas vividas no último semestre do ano passado. Algumas ainda estão aí, outras já demos um “jeitinho”, graças a homens de coração bom que temos na paróquia. E outras estão às beiras, graças a generosidade de outros irmãos. Não posso esquecer o lindo show de prêmios que vivemos no início do ano em prol disso. Ou seja, respondendo a sua pergunta, primeiramente confio em Deus, e em segundo conto com a ajuda e apoio de toda a paróquia.

 

Padre, esse nosso bate-papo certamente fez crescer em nós a admiração e o amor pelo grande pastor que temos em nossa paróquia. Finalize deixando-nos uma mensagem…

Bem, encerro agradecendo cada membro desta paróquia, cada coordenador de comunidade, agente pastoral, cada pessoa que reza e ama este lugar e meu ministério. Continuemos a crescer gente, não desistamos uns dos outros e da construção do Reino de Deus. Juntos podemos ir muito longe. Sei que sou humano, não sou super-herói, nunca vou agradar em tudo ou a todos, mas Deus sabe que o que faço é de coração e com muito amor a Ele que me chamou a amar este lugar, e nele exercer meu ministério de pai e pastor. É nesse Espírito que peço a Ele, meu Senhor e à nossa Mãe, que abençoe e encoraje a todos nós. Deus os abençoe sempre!