Quando você ouve falar em “Cristo Redentor”, qual cidade brasileira vem à sua mente? Óbvio que não é Cubatão, Campo Limpo Paulista, Vinhedo e nem o município rural de Jarinu há 32 km de Caieiras. E muito menos uma das outras 400 cidades que investiram em uma réplica do Cristo Redentor carioca.
A estátua original no alto do morro do Corcovado no Rio de Janeiro, o qual foi eleito umas das sete maravilhas do mundo em 2007, com mais de 100 milhões de votos, foi um projeto idealizado ainda no Império de D. Pedro II e concluído só em 1931 com Getúlio Vargas. Durante o governo militar o monumento foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN), tornando-se o principal ponto turístico do Brasil, atrás apenas do imenso turismo religioso de Aparecida.
Não é de se estranhar que durante o governo militar, – período áureo do agigantamento econômico – os prefeitos de pequenas cidades investiram em estátuas do Cristo carioca. O fato se justificava nas próprias cidades que se encontravam despossuídas de atrativos turísticos. Logo, a instalação de uma réplica da famosa estátua do Corcovado com os braços abertos na parte elevada de um município, seguia uma lógica de comunicação muito simples: o município estava acolhendo, dando boas-vindas ao viajante e dizendo que o povo daquela cidade, em sua maioria era cristão.
Além disso, a imagem tão presente no imaginário popular é um chamamento para o viajante curioso ir até a um ponto estratégico do município, local da imagem e contemplar – mesmo que parcialmente – a única coisa que a cidade pode oferecer que é o abarcamento pela visão da paisagem geográfica dos limites territoriais.
Ipueiras no sertão do Ceará, 350 Km de Fortaleza, é um exemplo clássico de mais uma das centenas de pequenas cidades que fez erguer uma imagem do Cristo numa elevação estratégica do município, cujo objetivo se repete no mesmo chamamento para a contemplação da paisagem urbana edificada no meio natural. No município rural de Jarinu, uma réplica de quase 20m foi construída no alto de uma colina e de lá a pequena cidade pode ser abarcada pelo olhar. O mesmo ocorre com a própria vizinha Campo Limpo Paulista, limítrofe com Franco da Rocha. Ainda nas proximidades, Vinhedo também segue a moda de construção de Cristos e até o poluído município de Cubatão, ostenta sua estátua no caminho para o litoral.
Lá no extremo Norte do Brasil também podem ser encontradas cidades com vários ‘Cristos cariocas’, como por exemplo, no município de Rio Preto da Eva e também no extremo sul do Brasil na cidade gaúcha de Guaporé encontra-se outra bela réplica do Cristo Redentor.
Morrinhos no Sul de Goiás, outra estátua quase perfeita da imagem original é ponto de parada para quem demanda da capital Goiânia sentido noroeste do Estado de São Paulo.
Por todo planeta espalham-se estátuas do Cristo Redentor, como em Portugal, Polônia, Cuba, Vietnã, México até na minúscula cidade de Bad Raga, na Suíça, com cerca 1.500 habitantes é mais um exemplo de um município que busca vender a paisagem verde dos pinheirais no íngreme terreno europeu, plantando numa parte elevada do território uma réplica das sete maravilhas do mundo.
No entanto, a construção de Cristos segue outros objetivos do que apenas o esforço de vender paisagens geográficas de montanhas, de vales, de rios, de mares, de aéreas urbanizadas no meio de florestas. Na região de Franca, por exemplo, pelo menos 6 municípios (Restinga, Cristais Paulista, Águas Quentes, Pedregulho, Buritizal e Jeriquara), nenhum com mais de 10 mil habitantes ostentam o seu Cristo com os braços abertos. Trata-se de um esforço de prefeitos que buscam atrair uma parcela das centenas de milhares de turistas que seguem o roteiro religioso que partem da região de presidente Prudente, Marília, Bauru e demanda a Socorro e Taubaté, terra de Frei Galvão, chegando a Aparecida indo até Cacheira Paulista, terra da Canção Nova.
Por sua vez, a Igreja Católica está muito atenta no crescimento vertiginoso dos acampamentos católicos ocorrido nos últimos 20 anos por todo interior paulista e novos projetos de Cristos cariocas já estão nos planos de prefeitos de dezenas de pequenas cidades que vislumbram uma parte do suculento caldo orçamentário produzido pela rota do turismo religioso.
Caieiras é mais um exemplo comum de uma cidade que apostou no investimento de uma réplica do Cristo Redentor. Erguido num ponto estratégico do município ainda no final do governo militar, prometia ser um atrativo turístico sem paralelo na região. No entanto, com a chegada do aterro sanitário nas proximidades do local, o Cristo caieirense foi completamente abandonado nas décadas de 1990 e 2000. E só depois de 2010, no governo do ex-prefeito Dr. Roberto Hamamoto, seguido pelo atual prefeito Gersinho Romero, foi que o Cristo passou a receber maciço investimento para sua revitalização, tornando-se um ótimo lugar para visitação. Contudo, ainda nem de longe pode-se dizer que é um ponto de atração para turistas, no máximo, um lugar de uso de alguns poucos cidadãos caieirense ou quem sabe, um chamamento para algum viajante curioso poder contemplar – mesmo que parcialmente – a paisagem geográfica do território caieirense, marcada por núcleos urbanos separados por plantações de eucaliptos.
Amei essa matéria.
Quero me informar sobre o processo de construção aqui no meu município de São Bento Maranhão
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Givanildo Carvalho Campos
Aguardo retorno da sua parte