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Antonio Aiacyda é legítimo filho de Mairiporã, nessa cidade constituiu família e atuou como comerciante desde a juventude. Aos 66 anos acumula uma vasta experiência política, eleito 3 vezes vereador, 2 vezes presidente da Câmara e prefeito por dois mandatos, tornando-se um dos políticos de maior influência na região. Além de ser um profundo conhecedor da cidade que completa 127 anos de emancipação. Nessa polêmica entrevista, Aiacyda fala de seu enorme amor pela cidade, da sua trajetória política e do seu silêncio nesses últimos anos e que causa estranheza em muitas pessoas.

 

JNB – Aiacyda o senhor é um legítimo filho de Mairiporã, o que essa cidade representa para o senhor?

Aiacyda  Eu vi toda a transformação dessa cidade, uma cidade que no nome dos nativos já diz tudo “cidade bonita”, e pra quem vem à Mairiporã vê não apenas uma cidade bonita, mas acolhedora, humana. Sinto muita satisfação em viver nessa cidade, conhecer cada pedacinho de chão dessa terra, de fazer parte dessa história. Essa cidade representa pra mim, uma palavra: felicidade.

 

JNB – O que a história dessa “cidade bonita” representa para o senhor?

Aiacyda – A história de Mairiporã é muito interessante, pois começa bem lá atrás no final do século XVI início do século XVII. Os portugueses com os padres jesuítas chegaram aqui e encontraram os nativos, se não me engano eram os guaianazes e os tupiniquins. Na parte central da cidade foi construída uma pequena igreja onde os índios foram catequizados, esse local virou um ponto de passagem dos bandeirantes, e no ano da Proclamação da República, Mairiporã passou a ser cidade.

 

JNB – Como você iniciou sua vida política? 

Aiacyda –  Eu venho de família de empreendedores e todos que são empreendedores, comerciantes ou autônomos, trabalham praticamente sete dias por semana. Minha vida se resume nisso, trabalho e mais trabalho, sempre buscando ajudar os que me procuram. Isso levou o reconhecimento dos mairiporanenses, por isso nos anos 80 recebia incontáveis convites para ser um representante do povo na câmara dos vereadores.

 

JNB – Em que época você aceitou esse convite? 

Aiacyda –  Já estava com 40 anos, em 1988, fui eleito o 3º mais votado, fiz um trabalho muito voltado para o social e fui reeleito em 1992 no 2º lugar. Nesse período fui presidente da Câmara pela primeira vez, onde aprendi muito e em 1996 fui novamente reeleito como o vereador mais votado da cidade e novamente eleito presidente da Câmara. Entrando nos anos 2000 já com muita experiência do funcionamento da casa das leis, e da política na região, aumentaram muito os convites para disputar a prefeitura de Mairiporã. Disputei a eleição para prefeito e fui eleito, curiosamente o único prefeito da história da cidade que conseguiu ser reeleito.

 

JNB – Aiacyda, as sucessivas reeleições sempre em números de votos crescentes provam matematicamente sua competência política. Mas o que muitas pessoas se perguntam é, “como um político do seu tamanho deixa o governo e permanece em silêncio todo esse tempo?”. Foi algum tipo de mágoa que motivou seu silêncio e discrição ao longo desses anos? 

Aiacyda –  Não, de forma alguma (risos). Eu entendo que a principal característica da democracia é a alternância de poder. Eu penso que um chefe do executivo quando deixa o poder precisa ficar quieto no seu canto, não precisa ficar dando palpites no novo governo e nem fazendo oposição a ele. Entendo que devemos deixar que a nova administração governe com tranquilidade e que construa seu modelo próprio de gestão. Cabe ao povo julgá-lo. Eu faço meu trabalho, cada político tem seu trabalho, e o povo avalia se esse trabalho deve continuar ou não.  Meu silêncio é apenas um respeito pela decisão soberana do povo.      

 

JNB – Bem, então me deixe fazer uma provocação. Você ficou em silêncio todo esse tempo deixando que a nova gestão governe. No entanto, a base do atual prefeito na Câmara não! Tanto é que alguns vereadores governistas tentaram em várias oportunidades rejeitar suas contas para torná-lo inelegível. O que se explica com isso?  

Aiacyda –  Acredito que eu sou a principal força política da cidade a ser combatida. Minha biografia esta aí, os resultados das urnas estão aí. Ninguém tem uma biografia como a minha se não for sucessivamente julgado e aprovado pelo povo. E minha competência foi novamente confirmada nas sucessivas contas aprovadas pelo Tribunal de Contas e o Ministério Público que as aprovou sem nenhuma ressalva até 2012, último ano de meu governo. Mas alguns vereadores que apoiam o atual governo imaginaram que teriam poder para reprová-las simplesmente colocando um presidente em 2015 amigo e apoiador do atual prefeito.

 

JNB – Como assim? O que o senhor fez?  

Aiacyda –  Parece piada, mas foi isso que aconteceu, alguns vereadores governistas acharam que poderiam sem nenhum parecer técnico reprovar politicamente minhas contas, o que deixa claro um profundo desconhecimento da Lei. Fiz o que qualquer um faria, recorri da politicagem barata de alguns vereadores, e provamos por “A” + “B” que foram 8 anos trabalhando correto.

 

JNB – O senhor teve dificuldade em reverter junto aos órgãos superiores essa decisão política da Câmara dos vereadores?

Aiacyda –  Não, de forma alguma. Foi uma defesa simples, até pela vasta documentação apresentada. Todos os tribunais superiores deram pareceres favoráveis a mim.  Foi uma vitória rápida e muito tranquila. Faço aqui um desabafo, na verdade foi ridículo o que alguns vereadores fizeram onde só consigo ver duas explicações para isso: ou foi pura maldade de alguns, ou foi puro desconhecimento da legislação.

As leis municipais estão abaixo das leis do Estado paulista, abaixo ainda das leis da nação brasileira e da própria constituição. Mairiporã tem 127 anos, mas não é uma república, não é um país independente. Parece que alguns vereadores se acharam donos da cidade.

 

JNB – Aproveitando que entramos nesse assunto, o senhor será candidato a prefeito em 2016?

Aiacyda –  Sei que os governistas estão apavorados com a possibilidade de eu ser candidato, não é por menos que não faltam boatarias em jornal e até no facebook.  Mas quero deixar bem claro que sou ficha limpa, estou totalmente apto para disputar qualquer cargo eletivo seja de vereador, prefeito, deputado, governador e até presidente. Mas isso quem decide não sou eu, e sim o partido através das convenções, a última palavra é da convenção. Eu estou como sempre estive, à disposição do partido, mas quero lembrar que há muitas forças políticas no PSDB de Mairiporã em condição e força política para representar muito bem a legenda na cidade.

 

JNB – E por falar em boatarias, como o senhor convive com tantos boatos nas redes sociais e até jornais da cidade alinhados ao atual prefeito?

Aiacyda –  Os mairiporanenses amadureceram muito politicamente, sabem quem são os jornais e os jornalistas, sabem que esses boatos são absurdos e refletem desespero. Imagine você alguém falar que faço parte dessa administração? Imagine falar que estou inelegível? A quantidade de boatos, de mentiras, de fofocas que disparam na cidade, reflete somente uma verdade, essa administração está apavorada, está em pânico, está desesperada. Tanto é verdade que estamos assistindo uma debandada da base governista. Cada um está indo para um canto, cada um está tentando salvar sua própria pele.

 

JNB – O senhor sempre resistiu em fazer comentários ou até críticas sobre o atual modelo de governo. Para o senhor, como está Mairiporã hoje?

Aiacyda –  Infelizmente nos 127 anos de Mairiporã não há muito que se comemorar. O que se ouve pela cidade é que aqui não tem nem prefeito, pois é governada por um assessor. O resultado de tanta politicagem amadora é uma cidade que parou no tempo.

Nós pegamos uma cidade falida e a entregamos totalmente estruturada. Só em caixa deixei mais de 12 milhões de reais garantindo total governabilidade financeira para o primeiro ano do novo governo, porém a cidade não avançou em nada nos últimos anos. Mairiporã parou no tempo!

 

JNB – Você acha que o povo errou ao votar nesse atual prefeito?

Aiacyda –  A vida é uma eterna aprendizagem. É comum as pessoas buscarem algo “novo” e apostar em candidatos novatos. Basta olhar para a cidade de São Paulo. Os paulistas elegeram um tal de “novo”, elegeram um prefeito sem nenhuma experiência política, um  aventureiro que nunca sequer foi vereador. O resultado esta aí, hoje os paulistas estão contando os dias para eleição municipal para trocar de prefeito. Isso se repete em várias cidades.

 

JNB – O resultado de tantas más gestões de “prefeitos aventureiros”, não se deve a crise econômica federal que afeta diretamente os municípios?

Aiacyda –  A crise está aí para qualquer um ver e não adianta ficar se escondendo atrás dela, dando desculpa que o problema é o governo federal, estadual, crise mundial, da oposição. Nós do PSDB não temos essa prática de ficar culpando os outros. Tem gente que gosta de justificar sua própria incompetência culpando os outros. O bom gestor tem que se adequar ao  momento, pois cada gestor gerencia o seu próprio trabalho.  O prefeito de Caieiras, por exemplo, quando viu a crise bater às portas da cidade, chamou a responsabilidade para si, e mais do que depressa ajustou a máquina pública visando o bom gerenciamento da cidade. Ele fez o correto. Agora veja Mairiporã, precisa falar alguma coisa? O povo está vendo, está sentido na própria pele o resultado da gestão de um prefeito inexperiente. 

 

JNB – Já que o senhor tocou nesse assunto, o que é Caieiras para o senhor?

 

Aiacyda –  Eu acompanhei todo o trabalho do prefeito Dr. Roberto Hamamoto e do empresário Gersinho. Foi um trabalho impressionante, eles mudaram a cidade. O que eles fizeram na área de segurança tornou a cidade uma das mais seguras e combativas à criminalidade. O investimento gigantesco em Educação que acabou com escolas de madeiras e hoje sobram vagas, o investimento em saúde permite que aqui de Mairiporã hoje saiam diariamente peruas fretadas com pacientes para serem atendidos em Caieiras, porque aqui esta faltando tudo. Por estas razões, Caieiras para nós é um modelo. Tenho que parabenizar o povo caieirense que soube escolher pessoas experientes e competentes para governá-los.