Com a volta às aulas e a retomada das atividades em grande parte das escolas brasileiras, o momento é de criação de novos laços afetivos entre alunos, equipe pedagógica e toda a comunidade escolar, que de uma forma ou outra, se encontram no mesmo espaço. Nessa relação de encontros, as boas e más influências é uma realidade inconteste, onde os pais, quase que inocentes ainda acreditam que a escola é a única responsável pela educação dos filhos. E culpam o Estado, caso a transformação negativa dos filhos ao longo dos anos, torne-se realidade.
No entanto, não cabe ao professor educar o filho dos outros. O professor apenas professa um saber, para isso ele se formou e se qualificou, para aplicar seus conhecimentos na formação de seres humanos, os quais certamente considera-se extremamente úteis na vida de qualquer pessoa que adentra os muros escolares.
Desta forma, cabe à família, a nobre arte de educar, ensinar valores, impor limites, cobrar os deveres, condicionar respeito que os filhos devem ter aos outros. As crianças ou jovens que chegam à escola despossuídos da educação familiar, certamente contribuirão para que a educação formativa fique em segundo plano, e claro, seja prejudicada. Isso é fato!
O que fazer?
Inúmeras pesquisas demonstram que escolas com participação ativa dos pais reduz vertiginosamente os níveis de indisciplina, de violência e de uso de drogas, propiciando melhor desempenho escolar dos alunos. A professora Heloisa Zymanski, da PUC-SP, afirma que “Quando a criança percebe que seus pais estão em uma aliança com a escola, ela se sente muito mais protegida”. Já nas escolas onde a participação da família é baixa a violência, indisciplina e uso de drogas é alto e os números do rendimento escolar são visivelmente atingidos, prejudicando alunos e toda comunidade ao entorno.
A pesquisa “Atitudes pela Educação”, divulgada em 2014 pelo movimento Todos Pela Educação, mostrou que apenas 12% dos pais e responsáveis estão comprometidos com a vida escolar das crianças e jovens. É um número extremamente trágico, levando a crer que os restantes fazem parte do grupo que sonham e cobram descaradamente que o Estado seja o responsável único pela educação dos alunos.
Para o consagrado professor Mário Sergio Cortella, tudo é uma questão de prioridade, “Prioridade não tem ‘s’. Não tem plural. Se você disser: ‘tenho duas prioridades’ é porque não tem nenhuma. Então, deve estabelecer qual é a sua prioridade. Sua prioridade é o convívio familiar? Então dê força a isso. É a sustentação econômica? Vá fundo. Só que, ao escolher, não sofra. É evidente que ninguém precisa abandonar a carreira em função da família, mas é necessário buscar o equilíbrio.”
O fato é que mais um ano letivo recomeça, nele mais uma vez a expectativa de toda equipe escolar, principalmente dos professores, é de que os pais assumam a obrigação de buscar o equilíbrio e acompanhar de perto o cotidiano escolar dos filhos, realizando tarefas simples como visitar a escola, conversar periodicamente com os professores, acompanhar passo a passo a vida escolar dos filhos, conversando, questionando, observando, buscando entender suas dificuldades, checando se estão fazendo as lições de casa, e buscando saber como anda a relação deles com os colegas e quem são seus “amiguinhos”. Além é claro, de incentivá-los a participar de comunidades culturais e religiosas saudáveis, evitando grupos culturais nocivos como baile funk, por exemplo.
O próprio Papa Francisco afirma que “Chegou a hora de pais e mães voltarem de seu exílio – porque se autoexilaram da educação dos próprios filhos – e recuperarem suas funções educativas, reapropriando-se de seus papéis insubstituíveis”. De fato, é tempo dos pais assumirem seu papel de educadores máximos de um ser, fazendo o que é de dever único: educando, acompanhando, cuidando e jamais terceirizando essa tarefa aos outros. Afinal, quem terceiriza, culpa, responsabiliza e delega a educação da prole aos outros, acaba se tornando palhaço dos próprios filhos, e pior, somente contribui para a deseducação da nação brasileira.