Quem acompanha a revista Cidade Educadora, sabe que paralelo ao jornalismo, sou professor e comercializo livros. Neste universo de compra e venda, muitas pessoas me questionam quais são os autores mais procurados na atualidade? Por incrível que pareça, um dos campeões de pedidos é a obra de Branca Alves de Lima. Isso mesmo, a velha cartilha “Caminho Suave”! Para se ter uma ideia do gigantismo dessa obra, só nas últimas seis décadas foram cerca de 50 milhões de brasileiros alfabetizados.  E em sua 134ª edição, a obra continua original, ensinando por meio de repetição e memorização de sílabas e palavras relacionadas as letras do nosso alfabeto.

Mas a dúvida é, esse método “ultra tradicional” apresentado na cartilha, não foi demonizado pelos teóricos/doutores/intelectuais esquerdistas, marxistas, construtivistas, interacionistas e tantos outros “istas” dos anos 80, 90 e 2000? O método tradicional, há muito tempo não foi abolido das escolas públicas, sobretudo nas séries iniciais de alfabetização? O que explica esse sucesso de vendas?

Bem, de início é importante dizer que mesmo a maioria dos professores que gostam de ser chamados de “progressistas”, ao se verem diante de uma turma de alunos que demonstram dificuldades em se tornarem alfabéticos, reconhecem que já recorreram ou recorrem às bases do método tradicional para verem seus alunos lendo e produzindo textos. Muitas vezes justificando “mesclar” os dois “métodos” de ensino.

Todos os números oficiais e pesquisas sérias sobre alfabetização na idade certa comprovam que os críticos do tradicionalismo nunca passaram de meros “critiqueiros de plantão”, que viveram décadas criticando excessivamente, mas não apresentaram nada mais eficaz na alfabetização do que o método que a própria cartilha apresenta. O fato é que, quando chegam as avaliações externas para medir a qualidade da Educação nas séries iniciais, o que se busca é o resultado, se o aluno é ou não alfabetizado, se lê, interpreta e produz textos com clareza e coesão. Ou seja, criticar é fácil, mostrar resultados, já é outra conversa.

Talvez o grande erro da Educação tenha sido o radicalismo em “jogar fora” tudo o que se relacionava à alfabetização pelo método tradicional em nome de uma “teoria” que o tempo ficou encarregado de comprovar grande fracasso! Enfim, desconheço exemplo de alguém que estudou pelo método tradicional da cartilha Caminho Suave e terminou o Ensino Fundamental I sem conseguir ler e escrever com clareza, mas conheço legiões de jovens barbados festejando seus diplomas de formados no Ensino Médio, sem ao menos conseguir escrever um texto simples.

O fato é que, depois de 60 anos, a cartilha está entre as obras mais vendidas da Edipro, editora que comprou os direitos de publicação do livro com o compromisso de não modificar sua estrutura e método. E agora, com o professor Ricardo Vélez, no comando do Ministério da Educação, o qual criou a nova Secretaria de Alfabetização e colocou no cargo o professor Carlos Nadalim (Ambos indicados pelo filósofo Olavo de Carvalho), não será de se estranhar que a velha cartilha Caminho Suave ressurja das cinzas para o desespero dos construtivistas e deleite dos defensores do tradicional.