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Quem acompanha o jornal Nosso Bairro sabe que paralelo ao jornalismo, comercializo livros. Neste universo de compra e venda, muitas pessoas me questionam quais são os autores mais procurados na atualidade? Por incrível que pareça, atualmente ninguém supera em números de pedidos, a obra de Branca Alves de Lima. Isso mesmo, a velha cartilha “Caminho Suave”! Para se ter uma ideia do gigantismo dessa obra, só nas últimas 6 décadas foram cerca de 50 milhões de brasileiros alfabetizados.  E em sua 132ª edição, a obra continua original, ensinando por meio de repetição e memorização de sílabas e palavras relacionadas as letras do nosso alfabeto.

Mas a dúvida é, esse método “ultra tradicional” apresentado na cartilha, não foi demonizado pelos teóricos/doutores/intelectuais esquerdistas, marxistas, construtivistas, interacionistas e tantos outros “istas” dos anos 80 e 90? O método tradicional, há muito tempo não foi abolido das escolas públicas, sobretudo nas séries iniciais de alfabetização? O que explica esse sucesso de vendas?

Bem, de início é importante dizer, que mesmo a maioria dos professores que se consideram construtivistas / interacionistas, ao se ver diante de uma turma de alunos que demonstra dificuldades em se tornar alfabético, reconhece que já recorreu ou recorre às bases do método tradicional para ver seus alunos lendo e produzindo textos. Muitas vezes justificando “mesclar” os dois “métodos” de ensino.

 O fato é que na última avaliação do ENEN (Exame Nacional do Ensino Médio) mais de meio milhão de alunos conseguiram a façanha de zerar na prova de redação, comprovando que os críticos do tradicionalismo nunca passaram de meros “critiqueiros”, que viveram décadas criticando, criticando e, criticando, mas não apresentaram nada mais eficaz do que o método que a própria cartilha nos apresenta. Ou seja, criticar é fácil, mostrar resultados, já é outra conversa.

Talvez o grande erro da Educação tenha sido o radicalismo em “jogar fora” tudo o que se relacionava ao tradicionalismo em nome de uma “teoria” que na prática já mostrou ser um fracasso! Enfim, desconheço um único exemplo de alguém que estudou pelo método tradicional da cartilha Caminho Suave e terminou o Ensino Fundamental I sem conseguir ler e escrever com clareza, mas conheço legiões de jovens barbados festejando seu diploma de formado no Ensino Médio, sem sequer conseguir escrever um texto simples. E os números do ENEM falam por si. O fato é que depois de 60 anos, a cartilha está entre as obras mais vendidas da Edipro, editora que comprou os direitos de publicação do livro com o compromisso de não modificar sua estrutura e método.

 

Talvez o vigoroso ressurgimento da velha cartilha, vem de encontro a esse momento em que o país atravessa sua pior crise política, econômica e social da história, onde o emburrecimento crônico da nação tupiniquim nunca esteve tão em evidência. E também vejo que é um duro recado dos professores de base que demonstram cansaço dessa turma de pseudointelectuais da esquerda marxista, optando por um caminho conhecido, um caminho seguro, um caminho suave trilhado pelos grandes profissionais da nossa era.  Portanto, inventar moda para quê?