Conta uma história que ter um filho especial seria, em um primeiro momento, como uma viagem que foi planejada para um determinado lugar e, ao desembarcar, percebe-se que não se está no destino esperado.
O autismo é classificado por especialistas como um transtorno de desenvolvimento que geralmente aparece nos três primeiros anos de vida e compromete habilidades de comunicação e interação social. As mães e os pais ficam em estado de choque, porque ao ter um filho com autismo a família se intriga e se angustia pois a pessoa com autismo, tem uma aparência geralmente harmoniosa, porém, ao mesmo tempo apresenta um perfil irregular de desenvolvimento, algumas áreas tem bom funcionamento, enquanto outras se encontram comprometidas. Contudo, passado algum tempo, na maioria dos casos, surge à decisão de acolher o filho, tentar compreendê-lo e buscar ajuda de profissionais. Então tem início outra fase da saga familiar.
Quando relatam aos profissionais que a criança está diferente da maioria como a demora em começar a falar, em geral ouvem que o desenvolvimento varia muito de criança para criança. Este tipo de atitude pode retardar o início do tratamento. Em geral, um médico, um foniatra ou outro profissional igualmente capacitado, pode por volta dos 03 anos identificar que o fato da criança não falar, de brincar de maneira repetitiva e obsessiva faz parte do comportamento da pessoa com autismo.
Oficialmente, o autismo é chamado, desde o ano de 2013, de Transtorno do Espectro Autista (TEA), que é um distúrbio global e precoce do desenvolvimento. Há diferentes níveis de comprometimento. A pessoa afetada pelo TEA tem alteradas as capacidades de interação com o meio, por afetar três áreas importantes do desenvolvimento de que são a comunicação, a socialização e o comportamento.
Outra etapa porque passam as famílias ao cuidarem de seus filhos com TEA diz respeito à fase da escolarização. Devido ao fato da criança ter um desenvolvimento diferente em alguns aspectos, algumas escolas colocam barreiras para admitir os alunos com autismo. Em geral, pode acontecer de a criança ainda usar fraldas quando a maioria da idade dela já não as usa mais. O ingresso de uma criança com autismo em escola regular é um direito garantido por lei.
Nos descaminhos da educação inclusiva percebe-se que o acesso à escola é apenas uma das barreiras. Alguns especialistas até evitam dar o diagnóstico argumentando que no início da escolarização há a possibilidade de o diagnóstico virar um rótulo e a pessoa rotulada já tem o limite do seu desenvolvimento imposto por outras pessoas, como os professores, que já de antemão estipulam os limites da pessoa. Contudo, para além do acesso da pessoa especial na escola é necessário também garantir a permanência. Para isso é preciso que haja atendimento especializado aos que dele necessitam, recursos materiais adequados e professores formados e capacitados para desenvolver o processo de socialização, ensino e aprendizagem.
Ao olharmos para a realidade das escolas, da formação de professores e do atendimento dispensado às pessoas com deficiência e especialmente às pessoas com autismo percebemos que apesar dos avanços há ainda muito a ser percorrido nesse caminho para a educação inclusiva. Essa não é uma tarefa somente da família é de toda a sociedade. Podemos partir do princípio de que a pessoa tem um limite, mas ninguém é capaz de dizer até aonde pode uma pessoa se desenvolver.