Vivemos atualmente uma dicotomia no que tange as questões educacionais, pois devido a globalização pensamos que informação é conhecimento, mas vivemos a maior era do “emburrecimento” emocional de todas as gerações anteriores, pois vivem às voltas com tabletes, celulares, Ipads e Ifoods… Além de estarmos criando uma geração de infantes hipocondríacos, que para qualquer dor, sofrimento e dificuldades recorrem ao um medicamento, pois estamos vivendo também a geração Ritalina, pois para qualquer dificuldade ou desatenção das crianças no ambiente escolar estão sendo diagnosticadas com TDAH ou hiperatividade, então medique para que possa aprender. Sim temo atualmente muitas possibilidades e as Inteligências múltiplas, mas em termos de multitarefas sempre há uma perda, ainda mais para as crianças e adolescentes que estão com ganhos e aquisição de novos conhecimentos e o amadurecimento cognitivo.
Primeiramente porque vivemos a maior geração de déficit de atenção e Hiperatividade? Porque simplesmente quais são os movimentos necessários para jogar vídeo game e olhar ao tablet ou celular? A hiperatividade está tão presente porque temos toda uma geração de sofá, toda uma geração que está ficando “atrofiada” em sal criatividade e seus movimentos básicos.
Há algumas décadas atrás as brincadeiras aconteciam na rua, em empinar pipa, andar de bicicleta, jogar bola e tudo mais que se fazia, brincava em grupo, não existia Bullying, embora sempre haviam apelidos, havia diversão, havia criação e construção do conhecimento através da realidade, pois tampinhas de garrafa viravam histórias, pedrinhas na rua viraram brincadeira e simplesmente tudo era diversão, ou seja as gerações atuais não sabem construir e das asas à imaginação.
A culpa é da violência? As crianças não podem mais sair nas ruas!!! Mas, e os parques deixarem de existir? E os escorregadores, gira – gira e torres de pendurar? Onde foram parar todas essas possiblidades de movimentar-se, rir e brincar? Onde estão os jogos de tabuleiro que nos colocavam no chão e em família, brincando por horas e propiciavam a criação de estratégias, de interação e de integração, para que pudéssemos aprender de uma maneira diferenciada? Somar, dividir falar e se expressar eram fontes advindas das brincadeiras, que a aprendizagem acontecia de fato na resolução de somar qual equipe estava vencendo, em correr para salvar o colega na queimada, em se comunicar…
A culpa é da tecnologia? Mas quem apresenta a tecnologia? Hoje quando vou a lugares públicos vejo celulares e tablets virando “babas eletrônicas” em que bebês que nem falam não participam da reunião de família, não participam do momento único, que é aquele momento, mas estão envoltos com vídeos e zunidos, que possibilitam um acesso a um mundo de faz de conta, de utopia, mas que não é o mesmo faz de conta de gerações passadas, que criávamos histórias, é um faz de conta de contextos irreais.
Estamos diante de uma geração encaixotada que o relacionamento ocorre na maior parte das vezes pelo contexto digital e não verbal. A vida ocorre através da tela.
Então, façamos uma pequena reflexão: Nossos princípios e valores são construídos ao longo de nossa vida, contudo não podemos esquecer que eles são passados e trazidos no seio e na dinâmica familiar, que será responsável pela construção de nosso caráter, personalidade e a dinâmica individual, mas me deparo cotidianamente com uma questão de terceirização da educação dos filhos, o que mais ouço atualmente é não sei o que a escola está fazendo, ou o que está acontecendo no comportamento do meu filho(a).
Pensemos numa metáfora, para se construir um prédio necessito de uma base extremamente alicerçada com pilares e solidificação para que dê conta de suportar toda a estrutura que estará assentada no terreno. Caso essa base não seja sólida o suficiente ou os pilares estejam em desarmonia toda a estrutura poderá ter pequenas rachaduras, que poderão ter infiltrações e ou abalar toda a estrutura do prédio. O mesmo ocorre com os indivíduos. Toda sua base está pautada nos princípios recebidos e herdados pelas gerações da família.
Se essas referências e diretrizes não estão sendo passadas ficam perdidas. O maior problema atualmente dessa nova geração de pais tem sido que efetivamente pelo medo de repetição de padrões reprimidos anteriormente em sua educação ficaram mais permissivos e passaram de um extremo ao outro, antes não se podia nada e hoje pode-se tudo e o “resultado é que esses pais se perdem no meio d caminho, e o que mais tenho ouvido são pessoas pedindo, pelo amor de Deus, que alguém ensine a ser pais” (WEINBERG, 2001 p.10)
Isso é o que mais escuto na minha realidade. Em como ser pais e educar essa geração.
O que muito percebo na atualidade é que a maioria das famílias esqueceram os seus papéis e o que temos é uma total inversão das figuras de pais e filhos nas famílias.
E o que é de fato extremamente ruim é, que todos ficam perdidos, filhos por estarem no papel de pais e pais por estarem nos papeis de filhos.
Ficam filhos abandonados e, filhos abandonados perdem as referências de suas vidas, existências e sobretudo sobre seus próprios propósitos e significados da sua função e exercício da função.
Se os propósitos ficam desalinhados e não são revisitados o indivíduo se desmotiva e perde a essência de si próprio e de suas vontades e desejos, perdendo esse significado perde-se o prazer e a relação com o trabalho e com a vida. Então, o precisamos de um realinhamento de todos os papeis e funções familiares, para que essa geração possa de fato exercer sua funcionalidade e estabelecendo metas e diretrizes que serão funcionais ao seu desenvolvimento para o futuro da humanidade.
WEINBERG, Cybelle. Geração Delivery: adolescer no mundo atual. São Paulo Ed. Sá 2001