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Olavo de Carvalho, ícone da direita, marcou um golaço de placa ao indicar e ser aceito pelo então presidente Jair Bolsonaro, o filósofo Ricardo Vélez Rodríguez para chefiar o gigantesco Ministério da Educação.

Vélez Rodríguez, colombiano naturalizado brasileiro é um “antimarxista de carteirinha”. O professor, sequer esconde seu apreço pelo golpe militar de 1964, e ainda ostenta como status, seu implacável combate a “ideologização” nas escolas.

Desta forma, o novo ministro chega com potencial de um exterminador de ideologias a esquerda, configurando-se como a grande aposta da ‘bancada da bíblia’ no congresso federal, para colocar em prática o projeto de desmonte da doutrinação marxista nas escolas e universidades fortemente criticadas por inúmeros setores da sociedade.

Tanto é que, em nota emitida na sexta-feira, 23, o novo ministro já mostrou o tamanho dos canhões ao bombardear certeiramente a “instrumentalização ideológica da educação em aras de um socialismo vácuo” ao longo dos governos petistas. “Pretendo colocar a elaboração de normas no contexto da preservação de valores caros à sociedade brasileira, que, na sua essência, é conservadora e avessa a experiências que pretendem passar por cima de valores tradicionais ligados à preservação da família e da moral humanista”, pontuou que vai lutar firme ao lado dos movimentos conservadores como, por exemplo, Escola Sem Partido.

Com essas declarações, até mesmo a massiva maioria das universidades de viés marxista as quais oferecem cursos de pós-graduação stricto sensu compreendendo programas de mestrado e doutorado, principalmente na área de humanidades, já sentiram que virão anos duríssimos pela frente. Muitas já anteciparam ajustes nos programas, outras mais radicais, pregam a “resistência” prometendo entrincheirarem-se para defender seus programas esquerdistas, enquanto a unanimidade de especialistas prevê cortes profundos de verbas para pesquisas de esquerda e até o zeramento total do MEC em compras de livros de autores marxistas.

 

“(…) a massiva maioria das universidades de viés marxista (…) já sentiram que virão anos duríssimos pela frente. Muitas já anteciparam ajustes nos programas, outras mais radicais, pregam a “resistência” prometendo entrincheirarem-se para defender seus programas esquerdistas, enquanto a unanimidade de especialistas prevê cortes profundos de verbas para pesquisas de esquerda e até o zeramento total do MEC em compras de livros de autores marxistas.”

 

Já no aspecto prático, Vélez Rodríguez indicou que sua política educacional dará mais autonomia a estados e municípios, em consonância com o mantra “menos Brasília e mais Brasil” atingindo em cheio o famoso Plano Nacional de Educação (PNE), um conjunto de metas e estratégias elaborado em 2014 que determina as diretrizes da política educacional em todo o país, no período de 10 anos, o qual, será a partir de 2019, simplesmente engavetado.

Vélez Rodríguez comunga com a ideia de “criar um ambiente favorável ao empreendedorismo no Brasil”, destacado pelo plano de governo de Bolsonaro – o que valoriza o profissional e para o “mercado de trabalho”, como também a proposta de cobrar mensalidade em universidades públicas para alunos com alto poder aquisitivo, que inclusive, conta com a simpatia de Paulo Guedes. Outro foco do novo ministro encontra-se na ampliação do ensino à distância (EaD), que Bolsonaro entende como forma eficaz para se combater a suposta doutrinação, ao estendê-la também ao ensino fundamental da rede pública, sobretudo em áreas rurais – a reforma do ensino médio já prevê até 30% de EaD para alunos da modalidade.

Por fim, o novo ministro da Educação tem pela frente a incumbência de comprar briga com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), órgão vinculado ao MEC que elabora as provas do Enem. Bolsonaro entrou em rota de colisão com a presidente do instituto, Maria Inês Fini, depois de protestar contra uma questão do último exame que citava como exemplo o Pajubá, dialeto falado pela comunidade LGBT. O presidente prometeu fazer mudanças nas provas, deixando claro o intuito de avaliá-las pessoalmente antes da aplicação o que, pelas regras atuais, é ilegal. Em seu blog, Rodríguez já revelou o alinhamento às críticas ao Enem, que ele qualifica como um “instrumento de ideologização para auferir a capacidade dos jovens no sistema de ensino”.

O fato, que a batalha cultural está declarada e deve ocupar boa parte dos discursos do futuro ministério da Educação que buscará a consolidação dos valores e costumes das famílias conservadoras, a começar pelas escolas.