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Certa vez, atendi uma senhora num hospital, que iria realizar uma cirurgia neurológica e fiz alguns testes para verificar suas funções cognitivas antes da operação. Para verificar a memória de situações ocorridas (episódica), contei uma estória que ela deveria recontar em seguida. Quando, ao fim do texto eu disse: “aqui fala Tubarão”, ela arregalou os olhos, se encolheu na cama e começou a chorar e tremer. Paramos a testagem para que ela se acalmasse e esta relatou que, desde criança, tinha um medo incontrolável quando exposta a qualquer estímulo, auditivo ou visual que lhe remetesse à lembrança do animal tubarão.

Perguntei se havia algum fato traumático que levasse a ter este medo tão intenso e ela respondeu que não. Esta senhora tinha total consciência e compreensão de que seu medo era irracional e que palavras ou imagens a respeito do tubarão, não podiam lhe fazer mal algum, mas mesmo assim, não conseguia controlar seu medo. Ela era portadora de FOBIA, um medo mórbido, irracional e incontrolável, causado por determinadas situações, atividades, objetos ou animais, que não oferecem perigo real.

O medo faz parte de nosso mecanismo de auto preservação e ter medo de algo que possa nos causar dano, é normal e necessário a todos os seres vivos, para evitar ou fugir de situações que ofereçam perigo. Mas, na FOBIA ele toma uma proporção gigantesca e gera reações de descontrole emocional e comportamentos incompatíveis com a situação real. A FOBIA é um subtipo de ansiedade (DSM-IV) e é classificada em três tipos: 1. Fobia Social: medo irracional e persistente da convivência social.

A pessoa é incapaz de realizar atividades simples em público, como falar ou comer, por medo de sofrer uma represália ou gozação e sofre de “ansiedade antecipatória”, isto é, só de pensar em uma situação de exposição social que irá acontecer, como participar de uma reunião daqui há um mês passa a ter sintomas de medo (taquicardia, tremores etc) e pode passar a evitar situações sociais e a se isolar; 2. Fobia Simples ou Específica: comum na população geral, é caracterizada pelo medo irracional e persistente diante de um específico objeto, animal ou situação. A pessoa tem um desejo compulsivo de evitar a todo o custo o objeto de seu medo; 3. Agorafobia: medo generalizado de sair de um lugar que considera seguro. A pessoa pode evitar sair de casa ou ir a lugares desconhecidos, por medo de que algo ruim aconteça.

Pode se originar de crises de pânico: “medo de ter medo”. As fobias podem estar associadas a insegurança, baixa autoestima, auto-crítica exagerada, traumas, depressão e ansiedade e deve ser tratada com medicação para ansiedade e psicoterapia. Para maiores informações, leia “Medos, Fobias e Pânico” de Lourdes Possatto (Editora Lúmen).