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As postulantes a cargos eletivos na capital paulista também encontram dificuldades para conseguir recursos de campanha

Para uma mulher ser eleita na cidade de São Paulo são necessárias 50 candidatas, enquanto para eleger um homem bastam cerca de 20. É o que aponta o estudo inédito “Um olhar sobre a participação da mulher na política institucional na cidade de São Paulo entre 2008 e 2016”, realizado pelo Movimento Transparência Partidária, coordenado pelo cientista político Marcelo Issa.

De acordo com o levantamento da organização, além das mulheres enfrentarem uma taxa de sucesso de apenas 2,2% nos pleitos paulistanos, elas também encontram dificuldades em conseguir financiadores de campanha.

A pesquisa, baseada em dados públicos do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mostra que, nas eleições de 2016 – a primeira a proibir o financiamento empresarial e permitir apenas doações de pessoas físicas – o valor médio arrecadado pelos vereadores e vereadoras foi semelhante: cerca de R$ 400 mil. 

Mas, enquanto apenas 53% das campanhas femininas vitoriosas foram bancadas com doações de colaboradores, os homens que venceram a última eleição municipal captaram 82% de recursos com pessoas fisicas.  Isso revela que as mulheres têm mais dificuldades que os homens na hora de buscar financiadores de campanha.

A análise dos dados feita pelo  Transparência Partidária  também destaca a baixa quantidade de mulheres nas funções de direção dos partidos. Atualmente,  apenas 24% dos postos de chefia partidária no munícipio são ocupados por elas – índice próximo dos 20% de mulheres eleitas nas eleições.

 

Veja mais conclusões do estudo:

– Nas últimas três eleições a quantidade de mulheres eleitas na capital mais que dobrou. Em 2016, foram 11 mulheres eleitas na cidade, contra apenas cinco em 2008: um crescimento de 120%.

– A quantidade de mulheres candidatas em São Paulo vem crescendo. Em 2008 elas eram apenas 23% do total de candidatos, mas em 2016 as candidaturas femininas já passaram dos 30%.

– Entre 2008 e 2016 houve duas vezes e meia mais candidatos homens que candidatas mulheres na cidade de São Paulo. Foram 2.553 candidaturas masculinas para os cargos de prefeito e vereador contra 1.000 candidaturas de mulheres para esses mesmos cargos;

–   No período, apenas 14% das candidaturas vitoriosas na cidade foram femininas.

 

Mais informações:

Marcelo Issa

Cientista político e advogado, mestre em Ciência Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). MBA em Relações Governamentais pela FGV. Bacharel em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com extensão em políticas públicas pela Universidade de Salamanca (Espanha). Trabalhou em organizações do Terceiro Setor dedicadas ao monitoramento do poder público e participou de diversos projetos de consultoria em gestão estratégica para organismos públicos nacionais e latino-americanos. É professor da disciplina Participação Social Efetiva: como fazer advocacy no curso Advocacy e Políticas Públicas: teoria e prática, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

 

Movimento Transparência Partidária

O Transparência Partidária é uma organização sem fins lucrativos, financiada por pessoas da sociedade civil, que nasceu em 2016 com propostas claras para promover mais transparência, oxigenação e integridade nos partidos políticos brasileiros.