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A principal diferença entre os professores de ciências humanas para as demais áreas é a aceitação pacífica do marxismo como verdade absoluta, ou o questionamento dessas verdades. De uma forma ou outra, todos os professores de História, Geografia, Filosofia, Sociologia beberam na rica fonte marxista. Sim, eu também fui saciado na fonte dos pensadores da esquerda socialista, caso contrário, jamais teria o diploma universitário.

No início, como tantos, não questionei, aceitei e sonhei com a possibilidade real das teorias dos pensadores marxistas serem convertidas em prática por meio da política defendida por homens e mulheres da esquerda, onde uma sociedade mais justa e igualitária seria construída trilhando o caminho do socialismo. Na virada do século, modelos para essa crença não faltavam, deputados como Dirceu, Genoíno, senador Suplicy, prefeita Marta, até o próprio sindicalista Lula encantavam multidões. Não demorou conheci a APEOESP. No sindicato conheci inúmeros professores que davam sentido a este sonho, para mim, eram eles os soldados guardiões da democracia, da ética, da decência, do pensamento marxista, eram portanto, símbolos de lutas contra a ditadura, contra o capitalismo, contra o imperialismo norte-americano, contra a corrupção. Junto aos petistas da Apeoesp aprendi desde cedo que quem não era marxista deveria ser tachado pejorativamente de burguês, reacionário, conservador, preconceituoso, ditador, fascista, neoliberal, inimigos que deveriam ser combatidos com radicalismo.

Foram anos de militância ativa, fiz inúmeros jornais da Apeoesp, disputei várias eleições sindicais, perdi, ganhei, cheguei a ser eleito conselheiro regional na própria chapa da “Apeoesp na Escola e na Luta”, paralelamente travei lutas duríssimas no diretório do PT, apoiei vigorosamente candidatos a vereadores da extrema esquerda, virei madrugadas fixando banners de campanhas por toda cidade movido pela mais pura paixão.

Mas veio o mensalão, a máscara da ética, da decência, da honestidade ruiu. A corrupção passou a ser regra e virou epidemia com o “Petrolão”. Meus antigos heróis foram condenados à Papuda, provando que a Esquerda era o pior caminho para uma nação democrática. E pasmem, como se não bastasse a mediocridade de um presidente palanqueiro, populista e demagogo o qual rodou o mundo contando piadas, brincando de estadista e fazendo propaganda de si próprio como um coitado que deu duro e venceu, tornou símbolo da propaganda da Esquerda no Brasil.

Diante da crise a Esquerda faz o que sabe fazer de melhor, fecha-se em seu radicalismo alienante, fanático e doentio. E como estratégia para enfrentar problemas institucionais elege FHC, PSDB, oposição, congresso, senado, imprensa, até a CIA como culpados pelo caos nacional.

Hoje é humanamente impossível separar o discurso radicalizado da Apeoesp com o dos petistas fanáticos, tudo está entrelaçado, quem é ativo na Apeoesp, a rigor é militante de algum partido, disputa eleições internas no sindicato e eleições diretas para cargos públicos eletivos, o sindicato transformou-se apenas numa plataforma para ambições políticas de alguns gatunos disfarçados de nobres docentes defensores da classe.

Já aos demais resta apenas ser platéia. São eles os “R-Es”, os eleitores, os militantes, os números, os pedaços de carne a serem conduzidos de lá e pra cá como parte de uma boiada servindo a ganância dos reis do gado.  

Eu fui isso, um “inocente útil” jogado no meio da massa de manobra conduzido pelos peões como gado de corte. Esta constatação é minha eterna vergonha.  Vergonha de ter servido uma instituição disfarçada de sindicato que a rigor era e é somente um braço político do Partido dos Trabalhadores. Não é por menos que essa Apeoesp a qual militei no passado é a mesma que hoje sobe num palanque para defender o governo do PT junto a CUT, MST, UJS numa sexta-feira 13 na Avenida Paulista. Conduz professores em ônibus dos contribuintes, distribui passe e pão com mortadela. É a boiada sendo conduzida pelos peões sindicais, servos fieis dos reis do gado que estão em Brasília.

Enquanto isso, o professor padece em sala de aula. Mas Apeoesp diz que tem a solução para os problemas da educação paulista: greve! Só, greve. Mas até a greve defendida pelo sindicato petista é somente uma oportunidade para os palanqueiros fazerem mais palancagem e usar mais “inocentes úteis” como projeteis a serem atirados contra o governo tucano, numa entediante briguinha política.

 

Hoje o que resta em mim é uma soma de vergonha e um certo tipo de gastura por ter contribuído imensamente com uma esquerda radical, alienante, corrupta, propagadora perversa do ódio, da divisão entre, ricos e pobres, sulinos e nordestinos, brancos e negros, gays e heteros, entre “nós e eles”. Uma esquerda que prega a destruição das sólidas colunas da democracia fundamentada na autonomia plena da PF, do MP, da CGU, do STF, da liberdade de expressão, da imprensa. Uma esquerda que defende assassinos, estupradores, traficantes, corruptos e prega a desmilitarização da PM, a liberalização das drogas, a legalização do abordo, uma esquerda que conspira a favor da destruição da família, dos fundamentos cristãos. Uma esquerda que já provou que é capaz de destruir o Estado somente pela perpetuação no poder.