Há exatamente 16 anos, nas eleições municipais de outubro de 2000, uma sólida base esquerdista foi montada em milhares de municípios por todo o Brasil servindo de estrutura para a eleição do sindicalista Lula em 2002. Depois de 16 anos o caminho está sendo o contrário. Os números não deixam margens para dúvidas, que por todo o Brasil, as bases do governo petista nos municípios estão “dissolvendo”.
Na capital paulista, segundo o último levantamento do Datafolha de novembro de 2015 aponta que dificilmente Haddad conseguirá chegar ao segundo turno, a onda “Anti PT” tomou conta do país. Num encontro com senadores em Brasília, em agosto de 2015, o ex-presidente Lula reclamou que nem em “São Bernardo” ele pode ir com a esposa a um restaurante. As palavras do ex-presidente remetem o mais puro reflexo da repulsa ao PT que tomou conta do país.
Com aproximação das eleições, o jornal Nosso Bairro faz uma análise das conjunturas políticas que já se desenham na região. Óbvio que até lá “muita água ainda vai passar por debaixo da ponte”, de modo que o cenário é apenas uma leitura do momento.
São Paulo: Uma eleição apenas para minimizar danos no governo petista
Para as eleições em São Paulo é impossível apostar em um nome, mas o mais provável é que se o PT melhorar muito conseguirá chegar a 20% do eleitorado.
Isso porque, as últimas pesquisas do Datafolha de novembro de 2015 mostram uma verdadeira catástrofe no governo do prefeito Haddad. O petista contava com uma rejeição recorde que atingia 49% de ruim e péssimo contra apenas 15% de ótimo e bom. Como o sentimento anti PT é muito forte na capital paulista como mostrou a última eleição de 2014, e também as manifestações de 2015, o cenário mostra que não há muito que fazer a não ser minimizar o dano elegendo o máximo de vereadores possíveis.
Mairiporã: Verdes apavorados com a volta dos Tucanos
Nas eleições de 2012 em Mairiporã Dr. Marcio Pampuri (PV) surpreendeu a todos com uma estratégia política de persistência, buscando em sucessivas eleições o exercício de votos que o conduziriam à chefia do executivo na cidade. A estratégia deu certo, servindo de exemplo para muitos debates a nível estadual do partido. No entanto, o prefeito deixou escapar a grande oportunidade de se consolidar como um dos principais líderes verde no estado paulista.
Pampuri se tornou uma espécie de “prefeito parlamentarista”, onde a cidade na prática passou a ter forte influência de um de seus assessores. Até o momento, não está claro os motivos pelos quais Pampuri se submeteu a ser essa espécie de prefeito decorativo na cidade, mas o fato que depois de 37 meses de mandato, o atual prefeito vai enfrentar uma verdadeira pedreira nas eleições de 2016, nada menos que Antonio Aiacyda (PSDB), um experiente político com três mandatos de vereador, dois mandatos de presidente da câmara e dois mandatos de prefeito, sem contar o óbvio apoio que receberá do governador Geraldo Alckmin.
Alguns verdes leais a Pampuri afirmam que o prefeito tem uma “carta na manga”, mas caso não se confirme, o cenário desenhado é de um verdadeiro massacre eleitoral, o que pode levar o PV de volta aos guetos da política na cidade.
Franco da Rocha: Arrogância e tacanhice do PSDB e PSD é o principal cabo eleitoral do PT
No quesito “arrogância” e “tacanhice”, PSDB e PSD de Franco da Rocha só perdem para o PV de Mairiporã.
A oposição simplesmente menosprezou a capacidade do PT de governar a cidade apostando todas as fichas no espírito anti petismo que contagia todo o país. Por sua vez, o PT fez o que sabe fazer de melhor: marketing.
Franco da Rocha foi transformada em “cidade propaganda”, uma propaganda centrada no tema “são tantas mudanças que dá gosto de ver” e de fato, as grandes mudanças em curso na cidade têm forte apoio do governo do Estado desde a época do ex-prefeito Marcio Cechettini. Mas o PT conseguiu astutamente produzir imagens publicitárias de tal modo que só os munícipes atentos conseguem diferenciar a grande jogada marqueteira por trás da publicidade petista. Com isso, o PT municipal construiu uma barreira de contenção às hostilidades provindas do PT federal.
Ao ser beneficiado por uma oposição arrogante, tacanha, desunida, sem rumo e que só bate cabeça, a conclusão é uma só: o PT é o maior adversário do próprio PT de Franco da Rocha.
Francisco Morato: De uma “zebra de terceira via” para a primeira opção
Marcelo Cechettini (PV) foi eleito em 2012 praticamente sozinho, sem apoio de nenhum partido ou grupo de apoiadores num único espaço aberto entre os fichas sujas do PSDB e PT.
Cechettini assumiu o comando de uma cidade falida, após o catastrófico governo do petista Zezinho Bressane do PT, uma cidade com um dos piores IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) uma cidade com o PSDB e PT como opositores diretos e para piorar, naquele início de mandato, apenas quatro vereadores governistas eleitos.
Não é por menos que muitos analistas apostavam que Cechettini não conseguiria sequer chegar ao final do mandato. Mas para surpresa até dos mais otimistas Cechettini se tornou um dos mais atuantes prefeitos do Estado.
Marcado por grande carisma, simpatia e humildade Marcelo aplicou sua vasta experiência de empresário bem sucedido na gestão pública e passo a passo foi se articulando, conquistando apoiadores e a cidade passou a ser reconhecida na região e até no próprio Estado paulista.
Diferentemente de Franco da Rocha, as forças políticas opositoras em Francisco Morato são muito bem organizadas, fortes e atuantes, o que deixa claro que na cidade será travada a disputa mais dura da região. No entanto, os verdes de Francisco Morato não dependem de um milagre divino para se manter no poder como é o caso do PV de Mairporã, pelo contrario, os verdes moratenses tem todas as condições de continuar o trabalho até 2020, bastando apenas se manterem no caminho da união, trabalho e humildade.
Caieiras: Cidade nos trilhos e caminhando tranquilamente
As últimas duas eleições em Caieiras (2008 e 2012) foram duas guerras duríssimas e históricas, onde a cidade optou pela mudança estrutural em sua condução. Hoje não há exemplo na região de cidade com similar tranquilidade, as vozes oposicionistas praticamente se calaram, não indo além de boatarias desconexas em facebook.
Por outro lado, o atual prefeito Dr. Roberto Hamamoto foi eleito e reeleito majoritariamente por uma base sólida de eleitores esclarecidos, o que lhe garante tranquilidade e sustentação no governo.
Soma-se ao fato de Caieiras estar confortavelmente posicionada entre as 100 melhores cidades do país, com avanços em vários setores, qualquer tentativa no sentido de desqualificar números oficiais, é vista pela sociedade como boatos de oportunistas.
Para se ter ideia da tranquilidade política vivida na Cidade dos Pinheirais, até agora não há clareza de quem são os pré candidatos dispostos a se aventurar na disputa eleitoral, cujo pré candidato é nada menos que o empresário “Gersinho Romero”, atual vice prefeito, secretário de obras e apoiado pelo atual prefeito Dr. Roberto Hamamoto e mais 15 partidos. Essa conjuntura de conforto político da ala governista é o que justifica o total silêncio a menos de nove meses das eleições.