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Particularmente entendo que cultura é aprimoramento de costumes, valores espirituais e ideológicos, desenvolvidos em um determinado grupo social, em uma comunidade e até em uma nação, refletida para outras culturas, em parte, por meio da música. A música é, portanto, reflexo da cultura de um povo. 

Qualquer ritmo musical pode ser considerado uma manifestação cultural. Querendo ou não, o funk é também manifestação cultural de um povo. Para alguns pode ser defendido como um tipo de cultura que reflete a pobreza e injustiça social da periferia, da favela, dos guetos, do povo marginalizado, esquecido e segregado. Mas se for, o que dizem suas letras? 

Nas letras dos funkeiros não se encontra a menor crítica por mais simples que seja a esse sistema vigente, à conjuntura política atual, ou pelo menos sobre as questões políticas e sociais. Ao contrário, o que se tem neste frenético ritmo de repetição, são letras que fazem verdadeira apologia às drogas, a criminalidade e exaltação aos bandidos, viciados, traficantes e a mais cruel instigação a prostituição juvenil.

Para esses bandidos da cultura musical, a lei não existe, nem mesmo os crimes e mortes previstos em Código Penal. Até a lei 11.343/06 que prevê detenção de três a seis meses para criminosos que induzem, instigam e fazem publicamente apologia às drogas, mesmo que por meio de músicas, é simplesmente ignorada. 

Até dentro de uma condução pública há sempre alguém inconveniente com seu celular (muitas vezes sem crédito), ouvindo aquele chiado maldito. E ninguém emite opinião, não gosta nem desgosta. É como se o povo não tivesse de fato chance de escolher e permanece silenciosamente consumindo o que há de mais podre no cenário musical. 

Nem a Lei do Silêncio, é respeitada pelos funkeiros que disparam suas pornografias musicais em volume incompatível com a saúde humana. A impressão que dá é que não há padre, não há pastor, não há nenhum iluminado por Deus para enxergar o mal que está corroendo a sociedade para de fato lutar contra ele. 

Mas não é só isso, esse câncer cultural, já atingiu até nossas unidades escolares. Onde era para existir a construção de conhecimentos, encontra-se cada vez mais a proliferação de pornografia, de violência, de incentivo às drogas, por meio das letras de músicas tocadas em alto e bom som nos celulares dos “funkeirinhos” que buscam recrutar mais e mais adeptos, para seu estimado estilo musical. Diante da pesada legislação que beneficia o adolescente, os agentes escolares somam-se ao grupo dos que permanecem calados diante dessa nova realidade cultural. 

Para os empresários esclarecidos do funcionamento do mercado, o funk é apenas um elemento de publicidade que faz girar o rico comércio do crime organizado. Para esses empreendedores, é simples oferecer a essa garotada danceterias com shows de vários MCs, onde podem lucrar rios de dinheiro vendendo sexo, drogas e uma série de outros produtos que gera muito dinheiro. Tudo com permissão dos pais e responsáveis ignorantes, que não conseguem se quer enxergar o que está por trás de um simples ritmo musical, apreciado pelos seus filhos “angelicais”.   

Para o Estado, a crescente alienação social produzida pelo funk, torna-se parceira do governo, que tem no seu território, uma massa que precisa ser governada. Logo, é fundamental que as coisas permaneçam em seu devido lugar, ou seja, é importante que o povo alienado e descontextualizado do mundo real, esqueça as atrocidades políticas  e permaneça ali, estático,  ausente das discussões sociais e da reflexão de sua própria realidade.