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Como historiador, entendo que o socialismo é uma teoria contraria as práticas capitalistas, oposição a um sistema baseado no lucro a qualquer custo. Entendo também que desde a época de Karl Marx os agrupamentos partidários socialistas espalhados pelo mundo sempre carregaram consigo o sonho da construção de uma sociedade nos moldes socialistas.

Durante o governo de Getúlio Vargas, tentaram implantar o socialismo por meio do Partido Comunista Brasileiro (de Olga e Luis Carlos Prestes), mesmo fracassados, as legiões de marxistas cresciam no Brasil. Nem a ditadura militar esmorecia o sonho daqueles que lutavam por um sistema político que eliminaria a desigualdade provocada pelo capitalismo.  E com o Partido dos Trabalhadores a esperança da construção de uma sociedade socialista se mantinha acesa, principalmente pelas palavras fortes do então candidato a presidente Luis Inácio Lula da Silva “essa sociedade não será encontrada no regime capitalista, e sim, no sistema socialista que agente vai implantar nesse país”, palavras direcionadas a um povo sofrido iludido, mas esperançoso por mudança.

No Brasil pós-ditadura militar a “cultura da leitura” era sufocada pelo “Plin Plin da Rede Globo” os intelectuais do Partido dos Trabalhadores, cientes da massa populacional inculta e alienada na tela de TV, arquitetaram um maquiavélico jogo publicitário fazendo da esperança socialista um fútil discurso esquerdista, cuja palavra de ordem era “ser contra tudo e contra todos”, não importa o que o governo faça, “o PT era do contra”.

A propaganda do “ser do contra” encontrou um fértil terreno em meados dos anos de 1990. Naquele momento, o Plano Real enfrentava a desconfiança de investidores internacionais, devido a fragilidade do sistema democrático, de sucessão de planos falidos, de uma oposição raivosa e irresponsável numa época de sucessivas crises mundiais.  Essa propaganda esquerdista rendia frutos de esperança nos corações do povo brasileiro conseguindo enganar toda a nação com discursos de um partido socialista ético, puro, salvador da pátria e acima de tudo, do povo. Nesse cenário, o PT  emplacava uma oposição duríssima a todas as reformas defendidas no governo de FHC. O Partido dos Trabalhadores foi violentamente CONTRA a lei de responsabilidade fiscal, CONTRA as privatizações, CONTRA a abertura comercial, CONTRA aos que buscavam a construção de uma economia forte, competitiva e integrada com o mundo. Para o PT  todos que não eram “companheiros” eram pejorativamente tachados de “neoliberais”, “direitistas”, “fascistas”, “coxinhas”…

Depois de ¼ de século cuspindo na cara do capitalismo, escorraçando a tudo e a todos que pensavam diferentes, o PT finalmente chegou ao poder. Logo no primeiro ato, as máscaras socialistas começaram vir ao chão quando o Partido dos Trabalhadores anunciou que a agenda tucana seria seguida à risca. A opção pela manutenção da política de FHC  neutralizava o PSDB e ainda  tachava os anos de FHC de  “Herança Maldita”. Em poucos meses até os discurso socialista foi enterrado, foi da boca do próprio Luis Inácio Lula da Silva, agora presidente, a celebre frase “Em toda minha vida nunca gostei de ser chamado de esquerdista. E na primeira vez que me perguntaram se eu era socialista, respondi: sou torneiro mecânico” (agosto de 2003). Deixando atônitos até os petistas mais esperançosos.

No poder, o PT desfrutou ao máximo do estado burguês, seguiu à risca a agenda tucana, inundou o país com vergonhosos atos de corrupção, algo inaceitável para um partido “tão ético e moralista”. No poder, em nenhum momento o Partido dos Trabalhadores se mostrou socialista ou interessado em mudar o sistema capitalista, ou pelo menos colocar em prática o que sempre pregou ser contra, tanto é que nada fez para reestatizar os principais meios de produção do país como a Vale, a telefonia, ferrovias, e tantos outros patrimônios públicos “rifados” nos anos de FHC. Pelo contrario, as privatizações continuaram no governo do PT, não poupando nem as rodovias federais, as quais passaram para mãos de estrangeiros em regime de concessão.

Como se não bastasse, em época de crise o PT nega, se esquiva, protesta, acusa tudo e a todos, coloca a culpa nos outros, se sente injustiçados diante de um supremo julgamento, mas… pasmem, colhem os bons frutos da economia, ironicamente graças às reformas iniciadas no governo de FHC, mas o que é pior, com todo este contexto político, o Governo ainda planta na cabeça do povo, que este é o governo de esquerda, da mudança, do povo.

A mim só resta uma lamentável conclusão: o que salva o PT, é o próprio Karl Marx que é muito mal lido pelo povo brasileiro.